Me visto de forma ~peculiar~ desde criança. Passei por várias fases, algumas mais experimentais, sem muito medo do ridÃculo. Em outras épocas eu tentava me adequar à moda, seguindo o que as ~blogueiras~ estavam usando. Também fui bastante interditada, seja por minha própria falta de paciência para lidar com os comentários dos outros, pois a sociedade não tem ferramentas para lidar com o diferente. Seja por minha mãe, que de vez em quando metia aquela pergunta clássica "você vai sair assim?" (com ênfase no "assim" e apontando o dedo para a peça que ela achava que eu deveria trocar).
Lembro que, quando entrei na infeliz fase da puberdade, eu cismei que minhas pernas eram muito finas e deveriam ficas escondidas atrás de calças jeans folgadas. Passei anos usando calças de todos os tipos, cintura baixa, com pernas largas, com estampa, branca, com taxas, com uma corrente de caveiras pendurada, até com bordados. Eu dava um jeito de colocar minha personalidade na peça de roupa básica. Passei anos e anos sem comprar uma saia ou um vestido sequer. Até que um dia eu li em algum lugar que usar calças (principalmente jeans) por muito tempo não fazia bem para a saúde - não sei o motivo, não lembro, mas me impactou.
Depois de começar a trabalhar, com meu dinheiro, passei a ter mais liberdade para comprar minhas coisinhas e fui testando o que funcionava ou não no meu corpo. Percebi que não tolerava mais me sentir desconfortável. Comecei a abandonar roupas apertadas, sapatilhas que faziam calo, blusas que subiam ou desciam demais, salto alto, vestidos curtos demais, sutiã com bojo, enfim, qualquer coisa que atrapalhasse minha mobilidade. Gostaria muito de ter mais vestidos e saias com bolsos, mas isso é algo que as marcas não parecem interessadas em fazer.
Dia desses estava ouvindo um podcast (link para o episódio) com duas autoras feministas levantando várias pautas pertinentes e elas mencionaram como há diferenças importantes entre as peças feitas para homens e para mulheres. Os homens se vestem de maneira confortável, as peças facilitam a locomoção e são práticas, eles não precisam pensar muito para se vestir, isso é menos coisas ocupando sua mente. O zÃper, por exemplo, foi inventado para facilitar a ida deles ao banheiro. Já as mulheres, se vestem como um objeto a ser decorado para ficarem bonitas ao lado do homem. Tudo o que é feminino é pensado para ficar bonito, agradável aos olhos, enquanto o conforto e a praticidade ficam em último plano. Até hoje existem empresas que obrigam mulheres a usar saltos, as aeromoças, coitadas, precisam estar a 100 mil metros na estratosfera servindo e cuidando da segurança das pessoas montadas num salto, maquiadas e penteadas. Toda vez que eu vejo uma pessoa caminhando desconfortavelmente em cima de um salto finÃssimo, eu tenho vontade de abordá-la e dizer "amiga, você não precisa disso, tome aqui um sapato". Não vou nem mencionar o preço exorbitante das roupas femininas em relação ao preço das masculinas.
Outra coisa em que eu penso de vez em quando é como a moda ficou rápida. As coleções duram duas semanas nas prateleiras e, as peças vendidas em setembro já são, sei lá, do inverno de 2026. Aà a gente vai acumulando coisas no armário porque ~já passou a moda~ e precisa consumir cada vez mais porque ninguém quer ~ficar fora de moda~ né?! Em um dos meus empregos, há muitos anos, um grupo de funcionárias se reunia para fazer um brechó no final do semestre. Os preços eram ótimos e até troca a gente fazia. Já saà desse emprego há muitos anos e nunca consegui fazer o mesmo em outros lugares, mas acho os brechós online uma boa alternativa. Eu não gosto de acumular coisas, então vou separando peças antigas e boas para vender antes de dar lugar a coisas novas. Além disso, passei a dar mais valor à qualidade do que à quantidade. Prefiro comprar algo mais caro com um tecido que dure mais do que várias roupas baratas que vão ficar arruinadas após duas lavagens.
Atualmente, só gosto de usar saias e vestidos e só tenho dois sapatos e uma bolsa. Quando compro algo, sempre penso em pelo menos algumas peças que já possuo e que posso fazer várias combinações, ou, por exemplo, transformar um vestido em saia colocando uma blusa por cima. Enfim, acho que poderia falar sobre esse assunto por bastante tempo, mas esse post está ficando longo demais e eu não sei como terminá-lo. Vou deixar aqui os links para minhas roupas que enviei para o Enjoei recentemente para quem quiser ver meu estilo (eu não tenho tempo para fazer minha própria lojinha, então preferi enviar para eles cuidarem de tudo, mas não sei se recomendo o serviço, pois a comissão e as taxas são enormes e não fica tudo numa lojinha só minha, apesar da praticidade).
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