Nesta semana antes das eleições resolvi reinstalar o aplicativo do instagram no meu celular. De vez em quando eu deleto esta rede que eu apelidei de "rede social tóxica de fotos" e acho que até já tinha dito isto aqui. Desta vez eu a havia deletado no final de junho e resolvi voltar apenas para declarar meus votos, principalmente meu voto em Lula. Tenho uma quantidade boba de seguidores e meu perfil é trancado, mas achei importante revelar minha escolha política e tive boas surpresas de gente apoiando e comentando nas fotos.

Eu não era muito consciente nas minhas escolhas políticas até alguns anos atrás. Um marco para mim foram as manifestações de 2013 e o golpe de 2016. Entre esses anos, algo mudou para mim e eu passei a "pensar por mim mesma". Digo isso porque na minha família - como em várias famílias brasileiras - tem uma pessoa que gosta de influenciar, e faz isso de maneira muito sutil e bem elaborada, o voto de todo mundo. Meu pai, na juventude, chegou a ser militante do PT e hoje em dia é bolsonarista divulgador de fake news justamente por causa dessa pessoa que mencionei.

Este é o famoso "índice meu tio", ou seja, as pessoas em suas famílias sempre têm um "tio" (tia, pai, mãe, irmão, não importa) que "entende de política" e dita os melhores candidatos para todo mundo votar. Se "meu tio" disse, então é verdade. E eu fui influenciada por essa pessoa até 2013 que foi quando percebi que algo estava errado. O processo foi extremamente lento, até eu conseguir chegar às eleições de 2022 em que até podcasts, lives e textos sobre política eu acompanho para tentar votar de forma consciente.

Eu só realmente escolhi meu "lado" depois de 2016. E, em 2018, eu chorei e me preocupei bastante quando o dito-cujo lá foi eleito. E o "meu tio" lá da minha família conseguiu convencer a todos de que ele ia "mudar o Brasil" (a quantidade de aspas neste texto está impressionante, mas é preciso). Obviamente, o tal do "tio" tratou de me isolar do resto da família: me proibiu de postar notícias políticas no grupo do whatsapp, nas reuniões familiares tratava de fazer todo tipo de gaslighting comigo, fui chamada de comunista, petista, socialista, e, obviamente, mandada pra Cuba e Venezuela. Típico.

Na pandemia, as coisas ficaram bem claras pra mais gente e algumas pessoas vieram com o rabo entre as pernas dizer que realmente a criatura lá as tinha enganado e que mal esperavam as eleições para que ele pudesse sair. Fiquei feliz por elas e jamais disse que "eu avisei". O "meu tio", por mais radical que seja, tratou de tomar as vacinas (o medo de morrer parece que é maior do que a valentia), mas também tomou aqueles remédios lá. Eu tentei mais algumas vezes algum diálogo e sofri bastante, pois é realmente dolorido você saber das notícias fora do mundo do zap e não poder tirar as pessoas queridas para você lá de dentro.

E finalmente chegamos a 2022. Com um pouco de medo, consegui uns adesivos para colar no carro e nada aconteceu até agora. Também ganhei de presente uns broches para divulgar meus apoios políticos e vou votar com um ou dois na minha roupa. Já escolhi em quem vou votar aqui em Pernambuco, com muito cuidado para eleger uma bancada de esquerda para que o presidente e governador tenham apoio suficiente para aprovar os projetos e políticas públicas que constam em suas propostas.

É preciso entender o processo eleitoral. Nosso dever de cidadão é ter consciência das nossas escolhas, cobrar quem elegemos, e divulgar as ideias em que acreditamos para que outras pessoas tenham coragem de fazer o mesmo. Passamos muito tempo parados, vendo as coisas acontecerem e tudo culminou em 2018 com a eleição daquele lá. Agora, temos a chance de começar a mandar ele e tudo o que ele representa de volta para onde não deveria ter saído. O Brasil é maior do que isso e os brasileiros merecem muito mais.

Para concluir, digo aqui que vou votar em Lula 13 para presidente no domingo. Como pernambucana, também votarei em Marília 77 governadora, Eugênia senadora 500, Robeyoncé deputada federal 5000 e Sylvia Siqueira deputada estadual 18180.

Para quem quiser se engajar mais nos temas políticos, indico:

- Orlando Calheiros - twitch, twitter
- Podcast - O Assunto

E recomendo deixar de se informar pelo "tio do zap" e procurar canais oficiais de informação, como o G1, ou qualquer outro veículo que prefira. Sempre lembrando de ler todas as notícias com pensamento crítico e levantando seus questionamentos. Por fim, siga seus candidatos deste ano nas redes sociais, pois lá é um canal onde podemos cobrar projetos até a próxima eleição.

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