Misturando as coisas

Algumas semanas são tão corridas que eu não consigo parar para observar as pequenas coisas, como tanto gosto de fazer. Meu jardim não é tão grande assim, mas eu deixo a natureza tomar conta. Não acho certo podar nenhuma planta (só em caso de risco de morte ou outros desastres sérios), pois cada uma sabe seu devido lugar no ecossistema. Uma vez podaram uma planta de flores sem meu consentimento e eu nunca mais tive flores na minha janela. Estou olhando para essa janela agora e só vejo os galhos secos e as folhas da planta, sem as flores. Agora elas só crescem no topo.

Dia desses essas flores da foto finalmente abriram e elas são tão pesadas que precisei segurá-las para conseguir um ângulo bom. Foi sua primeira floração, depois de meses sendo apenas um "mato". Além dessas, ainda tem uma orquídea salmão plantada ao lado, outras roxas e brancas, mas elas só aparecem alguns dias e, por isso, as mentes mais inquietas já querem se desfazer daquele "mato". Na pressa, na correria, as pessoas querem até que a natureza corra também e isso é basicamente impossível. Dito isso, já fui convencida de que o tempo é um conceito completamente arbitrário, assim como o dinheiro e outras coisas que não deveriam existir mais - não vou nem argumentar agora porque estou com preguiça.

Por falar em tempo, a quarta-feira de cinzas levou minhas redes sociais junto com a alegria do Carnaval. Deletei os aplicativos novamente porque as burocracias da vida recomeçaram e eu preciso reencontrar minha rotina, desligar tudo e andar pelo jardim e fazer outras coisas. Sinto que esse tema é recorrente por aqui (tem pelo menos uns três posts recentes sobre minha relação com as redes sociais, aqui, aqui e aqui, por exemplo), mas agora eu observo e sinto isso como algo cíclico.

Vou explicar (e imagine aqui um treco daquele com as setinhas em círculo): eu uso as redes sociais; eu abuso das redes sociais; eu me perco de mim mesma e vivo uma realidade paralela; eu deleto as redes sociais; eu volto ao "normal"; eu sinto que as pessoas esqueceram da minha existência; eu reinstalo as redes sociais. E aí todo o ciclo recomeça. Faz sentido? Bom, estou enxergando isso no momento, mas eu acho que a sociedade está perdendo tanto o senso de realidade que existir na internet já está implicado em existir ou ser alguém na realidade. O "perfil" faz parte de quem cada um "é". E pensar nisso me perturba de alguma forma.

Obviamente eu também posso estar pensando demais em algo que deveria ter um papel mais insignificante na minha vida. E eu acabei desviando o assunto do post de flores e jardins para redes sociais. Que desagradável! haha Hora de encerrar e terminar de lavar roupa ouvindo um rock doido porque meus domingos são assim mesmo: um pouco de escrita, um pouco de tarefas domésticas, um pouco de estudo, um pouco de música.